Boa ação

Doação de medula óssea é fundamental na luta contra doenças no sangue

No Brasil, 650 pacientes continuam na busca de um doador compatível não aparentado e, em Pelotas, cadastro para doadores pode ser feito no HemoPel

Foto: Arquivo pessoal - DP - Fernandes fotografou a coleta de medula durante o processo de doação

Um dos tratamentos mais eficazes para alguns tipos de doenças no sangue é o transplante de medula óssea, procedimento que depende da doação voluntária. No entanto, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em função das características genéticas, a chance de encontrar um doador compatível de medula óssea é de 30% entre irmãos e menor ainda entre doadores não-aparentados. Por isso, reforçar a importância da doação é fundamental, visto que o potencial doador só poderá ser identificado entre a família ou no banco de dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). O registro é a alternativa que permite o crescimento das chances de achar um voluntário que não tenha parentesco com o paciente no País.

Em Pelotas, o cadastro para doações é feito pelo Hemocentro Regional de Pelotas (HemoPel). Para o cadastramento, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (10 ml) para testes de tipificação HLA - fundamental para a compatibilidade do transplante. Estes dados serão incluídos na base de informações do Redome e, em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, o doador será contatado para realizar outros testes. O HemoPel funciona de segunda à sexta-feira, das 7h30min às 17h30min, sem fechar ao meio dia, e fica localizado na Av. Bento Gonçalves, 4.569.

O que é a medula óssea?

A medula óssea é um tecido líquido encontrado no interior dos ossos. Ela contém as células-tronco hematopoéticas que produzem os componentes do sangue, incluindo as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos), que são parte do sistema de defesa do nosso organismo, e as plaquetas, responsáveis pela coagulação. O transplante de medula óssea é necessário em pacientes com doenças que implicam a produção normal das células sanguíneas, como em alguns tipos de leucemias, quando não há uma resposta positiva aos tratamentos iniciais. Pacientes portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita também precisam do transplante.

Procedimento

Existem duas formas de efetuar o processo de doação de medula óssea, por punção e aférese. Na coleta por punção, o procedimento ocorre em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas. As células são coletadas através de punções na região pélvica posterior (osso do quadril) e dura cerca de 90 minutos. Por outro lado, na doação por aférese as células são coletadas diretamente da corrente sanguínea, por meio de um procedimento de aférese que dura cerca de três a quatro horas mas, neste caso, o doador recebe uma medicação por cinco dias para estimular a produção de células-tronco.

Condições para doar

Ter entre 18 e 35 anos de idade (o doador permanece no cadastro até 60 anos e pode realizar a doação até esta idade).

Um documento de identificação oficial com foto.

Estar em bom estado geral de saúde.

Não ter nenhuma doença impeditiva para cadastro e doação de medula óssea.

Números de cadastrados

De acordo com o banco de dados do Redome, no País existem mais de 5,7 milhões de doadores cadastrados e 650 pacientes que continuam na busca de um doador compatível não aparentado. O Rio Grande do Sul conta com 373.984 doadores no momento em que essa matéria está sendo escrita. "Em Pelotas e região, o número de doadores cadastrados é de aproximadamente 28 mil cadastrados", informou a assistente social do setor de captação do HemoPel, Márcia Lages.

Atitude que salva vidas

O engenheiro eletricista pelotense Lucas Fernandes, de 32 anos, se cadastrou como doador de medula óssea aos 18 anos. Em abril do ano passado, o Redome entrou em contato com ele solicitando que fosse ao Hemocentro de Florianópolis (SC), onde mora atualmente, fazer um teste para comprovar a compatibilidade com a paciente que estava necessitando. A partir daí, foram marcadas as datas para exames e doação em Porto Alegre. Todo o processo foi custeado pelo Redome. Com a saúde em dia, Lucas fez a doação no fim de julho e o método utilizado foi a aférese. "Tive mais um dia de repouso depois do procedimento, e estando bem já voltei para Florianópolis e foi vida normal até os dias de hoje", conta o doador.

Fernandes diz que não ficou sabendo a quem ajudou, pois é procedimento padrão do Redome mandar notícias do paciente apenas após seis meses, e se for de acordo entre ambas as partes uma conversa passados 18 meses do procedimento. Conforme avalia o engenheiro e estudante de mestrado, não houve coisa melhor e mais gratificante do que o ato de doar. "Deitar a cabeça no travesseiro e saber que uma vida foi salva só por eu estar ali é a coisa mais gratificante possível. Desde então eu tento incentivar a todos a se cadastrar, sei das dificuldades do processo e faço questão de deixar bem claro, mas eu tô aqui vivo e feliz depois de tudo", concluiu.

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